Os males do RPG

Faz mal jogar RPG? Talvez. Mas isso não tem relação com o jogo em sí, e sim como nos relacionamos a ele. É como qualquer outro hobby, se for usado com sabedoria não existe mal algum. Mas as vezes vemos pessoas que não sabem disso, e estragam (e muito) o rótulo de “RPGista”.
O trabalho do Bom é Jogar RPG é ótimo, no sentido de esclarecer todos os pontos positivos desse jogo. Como contra-partida trarei a tona o que pode ser ruim caso não saibamos lidar com ele. O que apresentarei a seguir são as exceções, mas que devem ser vistas para que não se cometa os mesmos erros sem perceber.

As vezes o RPG atrapalha. Como nessa foto por exemplo.

– Pode ser alienante: Jogar RPG é muito bom, e por isso pode ser muito viciante, no sentido de querer relacionar tudo a ele. Além disso ele necessita de muito tempo lendo manuais e regras o que pode levar ao individuo a se afogar em leitura apenas de RPG durante muito tempo. Ou ainda só ler coisas que possam ser usadas em mesa. Para resolver isso tenha sempre na sua cabeça um botão ON e OFF de RPG, e mantenha ele no OFF á menos que esteja jogando ou preparando algo para o jogo. (E não tenha um blog sobre RPG, hehehe)

– É uma atividade que leva muito tempo
: você gasta boa parte de um dia com uma sessão de RPG. E muitas vezes você mantém uma certa regularidade no jogo para poder prosseguir com uma campanha. Se somar todas suas horas de jogo, vai perceber que gastou muito tempo MESMO com o hobby. Para resolver isso tente sempre otimizar o tempo do jogo apenas com o jogo, e quando acabar, desligue-se dele (usando o botão ON e OFF). Claro que se estiver em uma rodinha de RPGistas isso provavelmente será o assunto, mas tente variar.

– Interação apenas com os amigos:
Outra coisa é que o RPG te estimula a interagir com um grupo, mas também te estimula a manter a interação apenas com esse grupo. Mesmo sabendo que o estereótipo de nerd do RPG é uma mentira também sei que, diferente de sair para balada, jogar RPG não te apresenta pessoas novas (com excessão das convenções claro) depois de já ter um grupo montado. Para resolver isso basta fazer outras atividades que lhe permita conhecer mais pessoas novas (e eu sei que muitos RPGistas não fazem isso fora da internet).

– Aumenta o companheirismo mas pode diminuir a competitividade:
quando se cresce sempre jogando RPG (como eu) você começa a achar que todos  mundo deveria se ajudar pra conseguir chegar em um objetivo maior. Isso pode ser verdade muitas vezes, mas o mundo se faz de competição também e muitas vezes só há lugar para um vencedor (quando se quer conquistar uma garota por exemplo). Para resolver isso basta não jogar apenas RPG e praticar atividades competitivas, como esportes e jogos em rede (tipo CS).

– Achar que propagar o RPG é uma missão sagrada: Enquanto a galera do Pensotopia não cria uma religião de fato, ninguém deveria achar que o futuro do RPG depende dos jogadores propagarem seu nome pelos quatro ventos. Isso é trabalho das editoras de RPG e quem ganha dinheiro com o hobby. Se você for explicar o RPG para alguém certifique-se que é para saciar a curiosidade da pessoa, ou para criar um grupo de jogo. Falar pra todo mundo o tempo todo sobre RPG é um desserviço, pois além de poder transformar o jogo em algo “pentelho” você se torna o “mala do RPG” e denigre ainda mais a imagem dos RPGistas, que já são vistos como “nerds bitolados em dadinhos e livrinhos infantilóides”.

– Fantasiar-se costuma ser ridículo:
Não se engane, se você tem mais de 13 anos e se fantasia, saiba que você está sendo ridículo. Não faça isso a menos que você seja um ator ou estátua viva, ou esteja em um evento específicos para isso. Ou seja, se você vai de ônibus pra uma convenção de RPG leve a fantasia na mala, ou esteja certo de que as pessoas na rua estão rindo da sua cara (e não com você) e estão criando uma imagem negativa sobre os RPGistas em geral. Eu por exemplo acho ridículo aqueles apetrechos de Otakos (orelinhas e etc.) e isso me faz pensar que quem curte anime são um bando de infantilóides (e olha que eu me esforço muito para não pensar assim!). Até mesmo os punks que usam moicano querendo chocar a sociedade são taxados de ridículos, e olha que eles levam o movimento deles bem a sério (sim eu convivi muito com punks, e ver um cara vestido de laranja mecanica é no mínimo risível).

– Ferramenta de fuga: Esse mal é um dos mais importantes e não é exclusivo do RPG. Qualquer hobby pode acabar virando uma ferramenta de fuga da realidade.  Nosso cérebro tem muitos sistemas de auto preservação, e se desligar do real fugindo para uma situação imaginária onde temos maior controle, é um deles. Como o RPG em em si é um exercício de imaginação, podemos nos acostumar em deixar de lado problemas a serem resolvidos, para ir jogar e imaginar situações em que solucionar uma dificuldade é apenas uma questão de rolagem de dados. Sei que isso é raro, mas pode acontecer. Portanto sempre tenha na cabeça aquele botão de ON e OFF, e mais ainda, veja se o ON não anda ligado demais. E acima de tudo NUNCA deixe de fazer algo importante para poder jogar (ou fazer qualquer coisa relacionada ao) RPG.

Todos esses males na verdade não são do RPG e sim dos jogadores. Nenhum deles é requisito para se jogar e podem ser evitados facilmente, mas para isso devemos ter consciência de que eles existem e tomar cuidado. Se pudermos nos policiar, tornando-nos mais agradáveis e melhores, aí sim passaremos uma boa imagem do RPG, que nem a mídia deturpadora brasileira e nem as igrejas alienantes vão conseguir estragar.

E acima de tudo, não espalhem esse texto, ou algum anti-RPGistao usará para o mal.

Conhece mais algum ponto negativo? Quer me esfaquear e queimar em praça pública? Deixe seu comentário!

17 Respostas to “Os males do RPG”


  1. 1 chuc 14/12/2009 às 7:58 pm

    quero te esfaquear e te queimar em praça pública, mas sem nenhum motivo aparente. você mesmo deu a idéia.

  2. 3 O Goblin 14/12/2009 às 9:34 pm

    Só tenho uma coisa a falar… Porra teus textos estao shows de bola, que pena que eu nao pensei nele primeiro :S

    haha Muito legal mesmo, se eu lhe oferecer duas barras de chocolate com mofo, um rato frito por dia, agua de esgoto, dois ossos para roer e tres pedrinhas consigo te levar para o bando do Goblin???

    Olha que estou disposto a aumentar a oferta para dois ratos fritos por dia, aproveita.

    • 4 ivanprado 15/12/2009 às 11:22 am

      Libera essa cervejinha na sua mão que temos um trato!
      valew pelo elogio, continuarei escrevendo enquanto não tentarem me esfaquar e me matar!

  3. 5 Daniel R 17/12/2009 às 6:47 pm

    Pra variar muito bom, Ivan. Esse texto tem que ser muito levado em conta mesmo, porque a maioria dos RPGistas ou ficam com essa história de levar o jogo como uma causa, fica fazendo bobagem e piorando ainda mais a imagem do jogo.

    Eu acho que somos uma das “minorias” que tem uma certa culpa por sofrer preconceito. Por isso eu falo pra todo mundo que conheço, seja uma pessoa, não seja um RPGista.

  4. 6 rsemente 11/03/2010 às 3:47 pm

    Muito foda, eu mesmo já sofri vários desses problemas, mas felizmente foi uma fase (ou não).

    Brincadeiras a parte é bem importante ajudar novos jogadores nesses aspectos, a realidade ainda é mais importante que o RPG :)

    e ai? o blog está parado, quando volta?

  5. 7 Marcelo 06/01/2011 às 8:09 pm

    Voltei a jogar RPG tempo atrás, e vim procurar a respeito e vi seu blog. Realmente, RPG tras benefícios mas também MUITOS males.

    Usar ele como ‘Ferramenta de Fuga’ é o mais problemático, a pessoa deixa de sair pra ficar no RPG… que merda.

    Bom, talvez eu não volte a ver seu blog, quem sabe um dia.

    Parabpens por ele. Curti o artigo.

  6. 8 OldGoth 31/07/2011 às 4:45 pm

    Olá, muito legal seu post.
    Bom, eu sou gótico (pelo menos, me rotulam assim, rs). E além disso, jogo RPG há cerca de 10 anos (tenho 29 hoje). Só queria dizer isso pelo seguinte: se você se sente mal por fazer algo que gosta, no caso de se sofrer preconceitos e talz, desencana! Se vc morresse hoje o mundo continuaria girando como sempre. Se o RPG deixasse de existir outras formas criativas de entretenimento surgiriam. Então, tudo é muito pequeno, até nossas vidas. O que digo é o seguinte: dentro de nossa pequenêz devemos viver fazendo o que quisermos sem muita cobrança. Claro que é válido o tal botão ON OFF, até pq quem vive só de ilusão não vive de fato (como diria a Rita Lee: “não dá pra levar a sério certas ilusões da vida”). Mas a ilusão é necessária, não para fugir, mas para servir de inspiração. Ao dar um ataque crítico ou resolver enigmas nos tornamos mais confiantes na vida. Eu vegetei por muito tempo até resolver viver e o RPG fui FUNDAMENTAL nesse processo. Recomendo a todos, rs. Se quer se desinibir, fazer teatro, serr alguém com mais iniciativa, ficar mais falante, ter mais auto-confiança e buscar melhorias, o RPG é uma porta de entrada (mas somente é isso). Não se culpem por jogar, como se fosse um ato marginal ou por aí. É da natureza humana buscar entender sua própria essência (seja ela divina ou n) e isso se faz mediante aquilo que damos valor e aquilo que é aceitável ou não aos outros. Normal se formos enxotados de lado, ou se garotas não nos quiserem por nos achar nerds (elas não sabem o que perdem!!). O que importa é viver e se vc valoriza o RPG como parte do processo, jogue! Só não deixe isso ser toda a sua vida. Saia, brinque, sorria, tenha um tempo com sua família e jamais se sinta marginal. Esse é o lema, pois desse modo, vc pode fazer O QUE QUISER, desde que dentro da lei. Como dizia Sartre: o homem deve buscar sua Liberdade e esta está condicionada às leis e ao moral. POrtanto, dentro da lei e das ações morais, vc pode fazer O QUE BEM ENTENDER! Rótulos sempre teremos. Seeeeempre, não importa o que façamos (ou não façamos) na vida :)

  7. 9 Joao - DF 06/08/2011 às 9:32 pm

    Jogo RPG a 17 anos, e concordo com o que disse.
    As pessoas tem que entender que existem tempo para tudo na vida e que os momentos fazem voce ter que agir como o dita as regras.Cada um deve ter ciencia em que está inserido em uma sociedade e temos que ser como tal.
    RPG é uma diversão (e que diversão) e tudo que é feito em uma sessão é só para divertimento e entretenimento. Quantas vezes voce estava na roda de conversa com seus amigos e conversaram a respeito das façanhas que acontecem no decorrer das campanhas.
    Gostei do que foi dito e fica então essa ideia, para os muito “fissurados” e para os que ainda não tem uma ídeia muito precisa a respeito.

  8. 10 Saulo Augusto Duarte 08/01/2013 às 7:24 pm

    Eu encaro o RPG como uma diversão, não como um vício deturpador de mentes, oras. O RPG é um game que possui uma certa aceitação pública nos dias de hoje e grandes franchises como Final Fantasy e Dragon Quest(Dragon Warrior), estão fazendo um grande sucesso nos dias de hoje. RPG para mim é pura filosofia, pois quanto mais você joga, mais experiente você se torna.

  9. 12 Aninha 07/10/2014 às 11:28 pm

    infantilóide é o buraco negro do shinigami. Sou otaku e jogo RPG e deixa eu te dizer uma coisa eu me fantasio SIM, saio na rua do jeito que eu quero, do jeito que me sinto bem. Se os outros riem ou falam mau não é problema meu. Eles que peguem um objeto de natureza estranha e insirão no buraco anal deles. E sim eu sou louca mesmo sou capaz de tudo cumpro qualquer desafio. E nunca sofri defecação nem uma ai sitada. E te esfaquear e queimar em praça publica é pouco! Queria te amarrar nu em uma mesa na praça publica e com uma tesourinha de custura cortar seu testículos devagar e dolorosamente, depois daria seus testículos aos cães e arrancaria seus olhos, suas tripas, seu cérebro até você morrer depois cortaria sua cabeça e faria dela um troféu enquanto o resto de seu corpo serviria de jantar para meus bichinhos. Fora isso seu texto é muito bacana pra ajudar os NERDs ^ ^

  10. 13 juarez 31/01/2015 às 10:36 am

    Vi serio minha família agora n deixa eu jogar rpg por causa desse texto

  11. 14 Anônimo 24/12/2015 às 11:12 am

    Eu só discordo do quesito de se fantasiar, não vejo problema em usar fantasia pelo caminho do evento. vejo problema em usar isso todos os dias…. mas ai é pq acho que a pessoa ta entrando no problema de fugir da realidade.

  12. 15 Leo 24/12/2015 às 1:04 pm

    Olá,
    O texto é bom, mas descreve os males de qualquer hobby e não do RPG. E mais, descreve os males do vício, uma situação psicológica que pode necessitar de tratamento com um especialista. Assim como temos, hoje, muitos viciados em jogos de computador (que são muito piores que o rpg de mesa, creio que todos sabem os motivos).

    Por fim, discordo em dois pontos. Não acho que se fantasiar é ser ridículo, muitas pessoas não se identificam com nada, tem dúvidas e encontram na fantasia, ou a prática de cosplay, um meio de se encontrarem e afirmarem, mesmo que seja uma forma de fuga da realidade (muitas pessoas conseguem continuar sua vida graças a isso. Alguns conhecidos inclusive fazem tratamento para depressão em paralelo com essa vivência que tem alguns efeitos positivos). Obviamente isso vale quando você está indo para um evento, conveção ou jogo com amigos, pois se vestir no dia a dia assim não pode realmente. O que as outras pessoas pensam nunca deveria ser um empecilho para fazer algo. Eu mesmo sou escoteiro e me visto com aquela roupa que todo mundo considera ridícula, todos os sábados, saio na rua, faço atividade, faço o bem e não ligo para o que os outros pensam, mesmo que muitos riam.

    Outro ponto, a ficção existe justamente como uma fuga da realidade. Da mesma forma que não podemos jogar RPG demais para estar sempre fora do mundo real (o tal botão de on off que tu se refere), também não podemos olhar filmes demais, ler livros (de ficção ) demais, jogsr videogame demais. Enfim, não se pode fazer nada demais, seja jogar RPG ou beber álcool. Mesmo sexo não podemos exagerar.

    É isso aí, mas Parabéns. De forma nenhum meu texto foi crítico desconstrutivo.

    Abraço,

  13. 16 Gabriel 24/12/2015 às 3:18 pm

    Uma pergunta: você é formado em Psicologia ou algum estudo do comportamento humano? Medicina, psciquiatria ou até patologias mentais… Bem se a resposta for negativa, acredito que as bases para seu artigo tenham sido algum estudo anterior de outra pessoa, com um pouco de opniões pessoais. De todos os tópicos, o único que dou valor significativo é “propagar o RPG é um dever sagrado” porquê acho isso muito besta, agora imagina se as velhas noveleiras pensassem assim também, ou os testemunas de jeová (pera aí…). Bem mas concluindo o que tinha para dizer, nerd ou geek (me considero o segundo) são um conceito não pop, são “gente estranha” e pseudointeligentes, por isso não gostam muito de estar em evidência, se usam fantasias (acho ridículo) deixe-os, só não seja intolerante ou idiota, defenda-os (não preciso ser negro para lutar contra o racismo), ou se o cara vive alienado por um mundo de fantasia, você não entra numa igreja quebrando tudo e dizendo ser mentira, todos tem direito a fugir, cedo ou tarde a realidade chega. Eu prefiro ver um jogador de RPG com os amigos dele no shopping (que não pertubam ninguém) que ver um grupo de vândalos rebeldes comunistas quebrando tudo porquê o capitalismo “é podre!”. Amiguinho, eu digo deixa estar e seja feliz, você nunca vai saber o que passa na cabeça dos outros, certo. Jogar RPG é Maça! (eu sei que é com ss).

  14. 17 Ktrach 25/12/2015 às 4:02 pm

    Isso foi tudo nonintuito de fazer uma piada, não é?
    Se foi…
    Cara, ficou fraquinha.
    :/


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Aparência: Ivan Prado

Imagem meramente ilustrativa. Provavelmente já devo ter mudado.

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